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Reduflação: o que fazer com produto que diminui de tamanho?

Você já ouviu falar em Reduflação? Mesmo que não, tenho certeza que já passou por isso. Reduflação é quando um produto diminui de tamanho – por exemplo, um pacote de biscoito que antes vinha com 14 unidades e agora vem com apenas 8 –, mas o preço fica o mesmo. Semana passada mandaram um vídeo reclamando da reduflação em vários produtos no grupo de WhatsApp do meu condomínio. No vídeo, a pessoa mostrava pote de achocolatado, lata de milho e até rolo de papel higiênico menores, mas com preços iguais a antes, e reclamava dos fabricantes que estavam sendo maldosos com os consumidores.

Um vizinho respondeu que é um absurdo mesmo e que todo mundo deveria boicotar essas marcas. Outra comentou que o governo tinha de proteger os cidadãos. E por último alguém sugeriu novas leis para impedir esse abuso. O problema é ruim mesmo, mas nenhuma dessas atitudes que meus vizinhos sugeriram vai resolver – ao contrário, algumas podem até piorar a situação da inflação. Vou explicar por que isso acontece e depois mostrar 5 medidas que já foram feitas no Brasil – e fracassaram. E um plano que realmente funcionou: é ele que precisamos entender para pedir soluções eficazes para a Reduflação.

O Problema

Quando a inflação aumenta o custo dos produtos, o fabricante reajusta o preço, mas nisso, ele também perde vendas. Se o produto tiver uma demanda inelástica, ou seja, as pessoas precisam comprar de qualquer forma, como papel higiênico, o fabricante perde menos vendas (mas perde, porque a pessoa sempre pode trocar de marca). Se o produto tiver demanda elástica, ou seja, a pessoa pode comprar menos ou deixar de comprar sem problemas, como iogurte, aí o fabricante perde muita venda ao reajustar o preço.

Percebe que a inflação é ruim para o fabricante também? Daí às vezes, para não subir mais o preço, ele reduz o volume na embalagem. É ruim para o consumidor? Sim, claro que é. Mas é uma tentativa de não perder tanta venda. E ainda pode enfrentar o boicote dos consumidores. Mas o importante é observar que não adianta eu reclamar do fabricante. Funciona muito mais se eu entender a causa e clamar por uma solução para a origem do problema, que é a inflação alta e não a maldade dos fabricantes.

Porém, meus vizinhos não tiveram o menor interesse em entender a causa do problema e voltaram a bater na tecla de que o governo deveria fazer alguma coisa para proteger os consumidores. MUITA CALMA NESSA HORA! Temos de entender como a economia funciona antes de pedir que o governo faça algo: temos várias leis feitas com o objetivo de “ajudar” ou “proteger” o cidadão que acabaram tendo como resultado justamente o contrário, atrapalham a vida das pessoas e atrasam o desenvolvimento econômico e social.

Tem um vídeo com vários exemplos dessas leis aqui: https://www.youtube.com/watch?v=SqFDp0WTP7g&list=PLu6qpF9DMPlEPY5oTAOQIWEfCmhWMHV5F&index=6&t=199s

5 Medidas de combate à inflação que fracassaram

1) Fazer lei para coibir a redução de tamanho: isso já existe, o fabricante pode mexer no volume, mas tem que deixar claro o percentual da redução na embalagem.

2) Congelar os preços: já fizemos isso no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, quando passávamos pela hiperinflação. Resultado: se o vendedor não pode aumentar o preço de venda, mas o custo dele continua subindo, ele para de produzir ou revender, pois não faz sentido trabalhar no prejuízo. Exemplo: uma garrafa de água custa R$ 0,80 e o mercado revende por R$ 1,00. Se os preços forem congelados por lei, quando o custo da água aumentar para R$ 1,10, o mercado não vai continuar comprando para revender a R$ 1,00, porque não faz sentido ter prejuízo. É melhor não vender mais água.

Lembra dos “Fiscais do Sarney”? A ideia era incentivar pessoas comuns a denunciarem aumento de preços. Porém, os produtos começaram a sumir das prateleiras: em alguns meses, não havia quase nada nos mercados, farmácias e açougues para vender. E, como consequência disso, nasceu um mercado pararelo e ilegal para vender tudo que faltava, mas com os preços flutuando livremente (ou seja, subindo). O problema é que um mercado ilegal não recolhe imposto, não segue regras de higiene, não cuida da validade, enfim, não cumpre as leis que geram a segurança que o consumidor tanto deseja.

3) Confisco da Poupança, no Plano Collor. Alguém daquele governo leu em algum lugar que era preciso reduzir a liquidez da economia – o que está certo – e teve a péssima, para não dizer criminosa, ideia de confiscar o dinheiro guardado da população que estava aplicado na Caderneta de Poupança! Em outras palavras: para que os preços parassem de aumentar, confiscaram o dinheiro das pessoas, pois assim elas não teriam como comprar e o preço iria cair. Nem tem como avaliar um absurdo desses. De qualquer forma, o efeito de conter a inflação não durou muito.

4) Subsídio de preços: entre 2011 e 2016, no governo Dilma Roussef, vários preços foram subsidiados pelo governo, como energia elétrica e combustíveis. O governo pagava parte do custo a algumas empresas, para que elas pudessem cobrar mais barato do cidadão. Porém, o dinheiro do governo é o dinheiro do cidadão, recolhido através de impostos. Logo, o governo cobrava do cidadão e repassava a algumas empresas selecionadas, o que desequilibrou os mercados, não resolveu a causa do aumento do custo – que continuou subindo – e ainda levou a Petrobras a um prejuízo bilionário (alguns cálculos falam em R$ 80 bi e outros chegam a R$ 160 bi, dependendo da metodologia). No final, veio a conta e os brasileiros tiveram de pagar bem mais caro nos anos seguintes pelo subsídio dado anteriormente.

5) Voltando ao período de hiperinflação no Brasil, outra medida foi a troca da moeda: em menos de 30 anos, o país trocou de unidade monetária 7 vezes!

– De Cruzeiro para Cruzeiro Novo;

– De volta pra Cruzeiro;

– Daí para Cruzado;

– Depois para Cruzado Novo;

– De volta para Cruzeiro;

– Aí para Cruzeiro Real;

– E finalmente para Real.

A cada vez que a moeda mudava, cortava-se zeros, mas o problema continuava.

Então como foi que saímos dessa cilada?

Ou: Por que o Plano Real funcionou?

Bem se hoje a inflação de 4,5% AO ANO já pesa no bolso e a de 2021, que alcançou 10% AO ANO, deixou os brasileiros em dificuldades, imagina uma inflação de 82% AO MÊS! Sim, ao mês. No ano, isso dá mais de 115 mil %! Entender por que o Plano Real funcionou – quando várias outras medidas fracassaram – é a chave para cobrarmos soluções que funcionam.

O Plano Real funcionou porque não foi apenas uma troca de nome da moeda – muito antes de lançarem as notas novas, o governo fez o dever de casa: ajuste fiscal, ou seja, equilíbrio das contas públicas através do corte de gastos do governo e do aumento de receitas. Isso foi fundamental para tirar as contas públicas do vermelho e gerar superávit, ou seja, gastar menos do que arrecada.

No lado da receita, houve aumento de impostos, mas também a venda de ativos públicos. Isso foi importante por 2 motivos principais: as empresas públicas davam prejuízo e, com isso, o governo precisava injetar dinheiro nelas. Dinheiro recolhido da população que era canalizado para cobrir rombos dessas empresas. Porém, como as contas públicas estavam no negativo, o governo cobria esses prejuízos emitindo dinheiro sem lastro, o que gera mais inflação (imprimindo dinheiro como na série La Casa de Papel – aliás, você precisa assistir a este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=oeajEXgSDGI&list=PLu6qpF9DMPlEPY5oTAOQIWEfCmhWMHV5F&index=18&t=10s). Segundo porque o dinheiro da venda dessas empresas era receita nova e permitiu ao governo fazer caixa sem estrangular ainda mais a população com mais impostos.

Além disso, o governo realizou uma abertura econômica do país aos produtos internacionais, que ajudariam a atender à demanda interna sem pressão excessiva sobre a oferta nacional, evitando novas altas de preços. Por fim, ainda houve uma fase de transição, através da Unidade Real de Valor, a URV, que teve como objetivo desindexar a economia, ou seja, criar uma referência estável de preço para os produtos de modo a frear a retroalimentação da inflação. Só depois disso tudo que chegou o Real propriamente dito.

Consegue perceber que o Real em si foi quase um detalhe perto de todas as medidas anteriores – inclusive algumas bem amargas? Se a gente não entende o que houve por trás do Plano Real que fez ele funcionar, diferentemente de todas as medidas mais fáceis, como congelar preços ou confiscar dinheiro da população, fica muito fácil cair na mesma armadilha de novo! Pressionar o governo para criar uma lei que impeça os fabricantes “malvadões” de reduzir o tamanho das embalagens nem de longe resolve a inflação. A gente precisa saber o que exigir do governo: equilíbrio fiscal e eficiência na gestão do dinheiro público.

Você já conhecia os motivos que levaram o Plano Real a funcionar?

Agora, o mais importante: você quer saber como proteger suas finanças e seu patrimônio da inflação? Clica no botão do WhatsApp no lado direito da tela e me manda uma mensagem que eu te explico!

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