Seu filho não dá valor ao dinheiro? Não sabe valorizar as coisas que ele e a família têm?
Venha descobrir como você pode ensiná-lo sobre isso!
Antes de tudo, é importante entender que as crianças se espelham nos pais ou nos cuidadores mais próximos até que consigam descobrir seus próprios valores. Além disso, alinhe suas expectativas: não dá para ensinar a dar valor ao dinheiro em uma única conversa, mas é um processo que leva semanas ou meses. Aproveite as oportunidades que surgirem no dia a dia para abordar o tema, pois é quando ele estará mais aberto a ouvir.
Primeiro, demonstre que as coisas dele têm valor, desde os trabalhinhos da escola até objetos simples que eles inventam em casa mesmo. Aqui em casa, penduramos um “quadro” – que na verdade é uma cartolina pintada pelos meus meninos – na parede da sala. Não é a obra de arte mais bonita ou refinada e certamente será substituída quando eles crescerem. Mas hoje, o fato de exibirmos uma cartolina pintada por duas crianças na sala demonstra para os meus filhos a importância e o valor que as coisas que eles fazem têm para nossa família.
E há vários objetos feitos de sucata que trazem da escola enfeitando a casa. Até os brinquedos que eles inventam ficam na caixa de brinquedos, junto com os comprados em lojas. Não é que tenha de guardar tudo – algumas coisas realmente não ficam boas ou não são resistentes e acabamos nos desfazendo. Mas eles precisam saber que há valor no que eles fazem. Eles precisam que a gente reconheça o valor dos objetos que eles gostam. Você pode até discordar dele em algo, mas sempre dê espaço para que ele expresse o que gosta.
Desfrute o que já conquistou
Além disso, é crucial mostrar que nós também valorizamos nossas coisas. Por exemplo, quando algo quebra, podemos tentar consertar antes de substituir. Até mesmo o descarte de algo quebrado, com o devido cuidado ambiental, por exemplo, pode ensinar sobre o valor daquele item. E quando nós estamos satisfeitos com o que temos, quando valorizamos nossos objetos, não ficamos comprando mais e mais. Com exceção do que é consumido, não devemos estar sempre adquirindo novos itens, como roupas, objetos de decoração, utensílios, gadgets, etc.
E quando compramos algo novo, vez ou outra, precisamos deixar claro para as crianças, através de nossas ações, o quanto gostamos de preservar, usar e desfrutar do prazer de possuir aquelas coisas. Quando a gente demonstra o prazer de usufruir do que já conquistamos, sem ficar sempre de olho no que a gente ainda não tem, estamos ensinando a valorizar nossas coisas.
Mostre a diferença entre preço e valor
Outro ponto fundamental é não vincular o preço ao valor das coisas. Preço e valor são muito distintos: depois confere o artigo “Por que R$ 120 é mais caro que R$ 140?”. Um exemplo é quando meu filho se interessou por cubos mágicos e pediu um de aniversário. O primeiro cubo que ele ganhou era bem barato, mas era exatamente o que ele estava querendo e ele ficou muito feliz.
Se neste momento, alguém diz: “coitadinho, pediu só um cubo mágico que é tão baratinho… Vou dar mais alguma coisa para não ficar só com isso!”; a criança aprenderá: “O cubo mágico não é legal o suficiente para ser meu presente de aniversário porque é muito barato. Pronto! Agora, seu filho não vai dar valor aos objetos, porque ele aprendeu que o bom é o que custa caro. E sempre vai haver algo mais caro a se desejar – isso sim que é bom.
Então tome muito cuidado com isso! Não tire valor do objeto só porque seu preço é barato. Se a criança valoriza o cubo mágico a ponto de pedir de presente de aniversário, está ótimo. Se ela pedir um presente caro demais, aí sim você pode conversar, explicando que o preço é muito alto (vou fazer outro artigo sobre como lidar com essa situação nas próximas semanas!).
Não jogue a culpa no dinheiro!
Essa dica é de ouro – 99% de chance de você já ter feito isso! A criança joga a bola, que bate em algo de vidro e se quebra. Nossa primeira reação é: “Isso custa dinheiro!!”, “Esse objeto custou caro!”, “Agora vou ter que gastar uma grana para comprar outro!”.
O que a criança entende: não fosse pelo dinheiro, estava tudo certo. Talvez se tivesse quebrado algo mais baratinho, o pai ou a mãe não ligariam. E ela vai deixando de dar valor ao que tem e se distanciando do dinheiro, esse vilão que só a mete em problemas. Não fosse por ele, não levaria bronca por quebrar alguma coisa… Não é isso que você quer, né?
Como podemos fazer então? O ideal é pontuar outras consequências, ampliar a questão para além do dinheiro. Vou dar dois exemplos que aconteceram aqui:
Uma vez meus filhos estavam jogando bola no quarto e ela bateu no plafon (aquela cúpula que protege as lâmpadas) do ventilador, que era de vidro e quebrou, espatifando pelo chão. Nesse momento, em vez de focar no preço do plafon, poderíamos falar de outras consequências da falta de cuidado:
Os meninos poderiam ter se machucado feio;
Deu trabalho para achar um do mesmo modelo;
Sem plafon para filtrar, a luz vai direto nos olhos;
Demorou para conseguirmos comprar outro;
O quarto não fica tão bonito sem o plafon;
E também: comprar um novo custou dinheiro.
Percebe como o dinheiro fica no lugar dele e não dominando o assunto?
Outro exemplo é quando as crianças reclamam de os pais dedicarem tanto tempo ao trabalho e terem pouco tempo para eles. Qual é a resposta imediata? “Tenho que trabalhar para ganhar dinheiro!”, “Tem que ter dinheiro para pagar as contas”, “Eu preciso trabalhar para comprar as coisas que você me pede” e por aí vai. Então, se não fosse o dinheiro, você estaria em casa, plenamente disponível para ele. Como uma criança que aprende isso pode valorizar o dinheiro?
Então como reconstruir essa ideia: diga e demonstre que você não trabalha só pelo dinheiro. O pagamento pelo seu trabalho é uma consequência justa e benigna, mas não é a sua única motivação.
Você trabalha porque:
O que você produz é útil para a sociedade (mesmo que seja em uma empresa B2B);
O trabalho gera reconhecimento profissional;
Permite que você realize projetos que considera importantes;
Ajuda a desenvolver a criatividade, resolução de problemas; descobertas, etc;
As exigências do trabalho, como atualização e estudo, contribuem com sua evolução pessoal;
E também gera dinheiro para te sustentar e concretizar seus sonhos.
Assim, você mostra o valor que o dinheiro tem, como ferramenta a serviço da sua vida – suprindo suas necessidades básicas, proporcionando conforto e permitindo que você concretize alguns sonhos.
O que você acha sobre isso tudo? Se quiser me dar um feedback, pode clicar no botão do WhatsApp aqui ao lado e me mandar uma mensagem. Terei o maior prazer em responder.