Dinheiro mal gasto educa

Permita que seu filho gaste mal o dinheiro dele. Sim, é isso mesmo que você está lendo: seja aquelas moedas que ele juntou num cofrinho, o valor que ganhou de aniversário ou mesmo a mesada. Só faz sentido dar dinheiro para uma criança se dermos autonomia para ela gastá-lo como bem entender. O que é importante ou custa caro, os pais vão decidir e escolher.

O dinheiro que a criança recebe tem a função de educar em relação às escolhas financeiras. Parte do nosso aprendizado vem da teoria, ou seja, do que lemos, estudamos, escutamos. Mas outra parte igualmente importante vem das nossas experiências: as que acertamos, as que erramos e também aquelas que todos diziam não ser uma boa ideia, mas que valeram a pena.

Não será tarde demais

Junto com a autonomia, ofereça a seu filho a oportunidade de enfrentar as consequências de suas decisões também – as boas e as ruins. Seu filho deseja gastar todo seu dinheiro em uma nova bola, sendo que ele tem outras três quase idênticas: oriente, mas permita. Caso ele perceba, depois de se cansar da nova bola em poucas horas, que não fez um bom negócio, deixe que ele assimile o erro.

É exatamente esta experiência que vai fazê-lo conseguir compreender a orientação que você deu lá atrás. Talvez ele precise aguardar algumas semanas ou meses até receber outro valor – e esta será uma espera longa e chata – mas não será tarde demais. Ao contrário, você permitiu que ele aprendesse a valorizar seu dinheiro ainda na infância, bem antes de começar a tomar decisões maiores, como se endividar para comprar um tênis de marca – atualmente, 19% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão endividados, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Outra situação bem comum é o filho escolher gastar o dinheiro com um brinquedo bobo, desses que os pais não veem nenhuma graça. De novo: oriente, mas permita. Pode ser que você se surpreenda e ele passe o mês inteiro curtindo aquela brincadeira. Se isso acontecer, também vale ressaltar que, no fim das contas, ele fez uma boa escolha. Além de reforçar a autoestima, isso também vai contribuir para desenvolver segurança: algumas decisões financeiras no futuro vão implicar assumir riscos e apenas pessoas seguras de si conseguem fazer isso de forma saudável.

Exercitar a educação financeira gera segurança

Já orientei uma família cuja filha queria cursar uma graduação de valor elevado e as possibilidades eram o financiamento – que implicaria num período de 12 anos de parcelamento – ou usar boa parte de seu patrimônio, inclusive vendendo o imóvel, para quitar. Ambas as soluções têm suas vantagens e desvantagens, mas o ponto é que era um investimento muito alto, porém muito importante – conhecimento é sempre o melhor investimento. Foi preciso muita segurança, inclusive da filha, que iria arcar com parte do custo, para assumir este risco em busca da sonhada formação superior.

Falando sobre investimento, essa gestão do próprio dinheiro na infância vai permitir que os pequenos construam uma mentalidade financeira mais robusta, que os ajudará a investir no futuro. Quando a gente aprende o valor das coisas – não o preço, mas o valor que cada item comprado agrega na nossa vida – fica muito mais fácil reconhecer o valor dos investimentos. Não apenas o quanto aquele determinado título pode render, mas o quanto cada ativo vai agregar de valor para nossa carteira de investimento.

E é justamente esta carteira de investimentos que vai nos propiciar conquistar cada objetivo que definirmos para nossa vida.

Escrevi este artigo originalmente para o site Macetes de Mãe.

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