É muito frequente as pessoas investirem seu suado dinheiro em aplicações que não fazem a menor ideia de como funcionam. Aplicam sua Reserva de Emergência em bitcoin, um ativo interessante, porém com alto risco de perdas – inadequado para uma reserva. Ou então decidem investir em ações apenas porque “a bolsa está em alta”, sem considerar sua grande volatilidade – e acabam se desesperando nas quedas, resgatando com prejuízo.
Tem ainda quem escolha fundo de investimento unicamente pelo critério rentabilidade dos últimos meses. O problema é que os mesmos fundos que rendem 14% ao ano em um determinado cenário econômico, vão render 3% a.a. em um contexto diferente. Só para dar um exemplo: há pouco mais de 1 ano, a Taxa Selic estava em 2% a.a. e agora está em 12,75% a.a.
E como resolve?
Primeiro, avalie seu perfil de risco – conservador, moderado ou arrojado – e se informe sobre como funciona o título que deseja. Pesquise: de onde vem a rentabilidade desse investimento? Quais os riscos? Há alguma garantia? Com que rapidez consigo resgatar meu dinheiro se precisar? Quais as vantagens e desvantagens? É adequado para meu perfil e objetivo?
Segundo, comece. A partir do momento em que tiver uma ideia inicial de como um determinado investimento funciona, aplique. E depois continue pesquisando outro título. Porque tem coisas que a gente só aprende na prática. Se você deixar para estudar tudo e só então investir, talvez não consiga completar o ciclo no tempo que imagina. É importante ir aplicando o conhecimento desde o início.
Outros desafios
Neste momento, surgirá outro desafio: imagine que você decidiu investir no Tesouro Direto. Já abriu conta na corretora, sabe que é um investimento de baixo risco e calculou o valor que vai aplicar. Ao chegar lá, descobre que existem 11 títulos do Tesouro Direto disponíveis hoje.
Se quer investir em um CDB, por exemplo, já te adianto que as corretoras apresentam centenas de opções. Fundos de Investimentos são mais de 14 mil no Brasil. Essa grande quantidade e diversidade é realmente ótima, mas pode tornar a escolha ainda mais difícil. E como fazer agora?
Agora você precisa fazer escolhas com base no conhecimento que tem hoje. Não adianta tentar descobrir o melhor da lista, o título perfeito para o que você quer. Não vale a pena se desesperar para saber o que significam todas aquelas informações contidas na lâmina de um fundo. É importante entender que a sua escolha é — e sempre será — limitada ao seu conhecimento atual.
Pega seu conhecimento e enfrenta o medo
Quando eu investi fora da Poupança pela 1ª vez, escolhi um CDB do meu banco. A gerente explicou em linhas gerais como aquele título funcionava, mas minha percepção hoje é de que fiz uma escolha quase no escuro. Mesmo assim valeu a pena: conforme os anos passavam, eu via o dinheiro rendendo. Sinceramente não sei se chegava a ganhar da inflação, mas aprendi mais um pouco com aqueles primeiros CDBs.
Com o Tesouro Direto foi a mesma coisa: na primeira vez, eu não consegui descobrir quanto pagaria de imposto nem taxas. Descobri quando o dinheiro foi debitado. E ainda assim, também valeu a pena. Já minha terceira aplicação fora da Poupança foi um fundo de investimento no banco: não foi a melhor escolha. Mas naquele momento, eu não tinha como saber. Então, paciência. Assim que possível, corrigi a rota tentando dar ênfase no aprendizado e não no problema.
Por isso, eu te digo com a melhor das intenções: escolha, invista e, a partir dessa nova experiência, você aprenderá ainda mais para fazer novas escolhas cada vez melhores. Mas não trave na reta final. Se for preciso, invista aos poucos: uma pequena parte do seu dinheiro de cada vez.
Decida com o que sabe hoje
Existem diversos critérios técnicos para se avaliar um investimento. Mesmo os profissionais do mercado financeiro não utilizam todos eles para fazer suas escolhas. Por isso, tome sua decisão com base nas informações de que dispõe hoje. Não há nenhum problema em pedir uma opinião a alguém de confiança ou fazer uma pesquisa rápida sobre um item que encontrou em um título. Mas sem deixar isso te paralisar.
Todas as decisões que tomamos e escolhas que fazemos na vida são assim: com base nas informações que temos até aquele momento. E depois, conforme amadurecemos, aprendemos mais. Algumas vezes, com o passar do tempo — e o aprendizado — refletimos que mudaríamos uma escolha passada por causa de um novo conhecimento. Outras vezes não. E a vida continua. Com investimento não é diferente.
Entre buscar entender um pouco e aplicar o dinheiro: em que fase você está?